Etapa 13 - AREQUIPA / COLCA

Países: PERÚ

Datas: 04/02/00 a 06/02/00

 

04/02/00 Sexta-feira - Introdução sobre o Perú (448Km)

Ingressamos hoje num dos países mais esperados, o Perú, que nos proporcionará as etapas mais "culturais" de toda viagem até o momento. Percorreremos todo território que outrora foi ocupado por uma das mais místicas civilizações do mundo, a antiga civilização Inca. Nosso objetivo principal aqui será chegar a Cuzco, antiga capital deste império e tentar aprender um pouco sobre os costumes, métodos orgenizacionais e culturais deste povo. Cuzco é a base para se conhecer as melhores atrações deixadas por este povo, como Machu Picchu, Sacsayhuamán, Puca Pucara entre outros sítios arqueológicos, e também reserva muito de sua sofrida história, através das guerras da colonização e conquista espanhola, contada pelos inúmeros museus da região.

Pela manhã ainda estávamos no Chile e ingressamos pelo Paso Sta. Rosa com destino a Arequipa, onde pretendíamos dormir. O receio era grande pois os inúmeros conselhos e recomendações que nos foram dados pelas pessoas que encontrávamos nos deixaram um pouco preocupados. Enfim nosso ingresso no país foi tranquilo tirando o presentinho que deixamos na fronteira.

No caminho a Arequipa fomos parados 5 vezes em menos de 4 horas pelos policiais peruanos. Estávamos com um "cartão verde" que arrumamos na aduana e toda documentação em dia... deixávamos a Rainha por sí só impor respeito mas sempre falávamos sobre o que estávamos fazendo para agilizar a liberação.

Da fronteira até Arequipa são 430Km em uma estrada razoável com alguns trechos de serras. Chagando lá nos hospedamos em um bom hotel (tudo em nome da segurança!) chamado Baviera Hostal, localizado próximo a Praça das Armas (toda cidade aqui no Perú tem sua praça das armas).

Neste país você deve ficar realmente "esperto" e tem que aproveitar para falar com todas as pessoas de confiança que encontrar para tentar obter o maior número de dicas possíveis, principalmente sobre segurança.

Outro hábito que deve se tornar frequente é perguntar a mesma coisa para várias pessoas e tentar sacar sua própria conclusão pois as diferenças de distância e tempo, por exemplo, podem chegar a mais de 100%. Com relação as estradas nem se fala... cada pessoa te fala uma coisa diferente e você só vai descobrir quando realmente percorrê-la.

O Perú é um país que, assim como o Brasil, evidencia muitos de seus problemas econômicos e sociais e deixa isso muito claro para os turistas. Em geral tudo é muito barato e, é possível se hospedar em hotéis mais seguros e se comer em restaurantes melhores gastando-se muito pouco. É importante lembrar que aqui as intoxicações por alimentos e água são frequentes e deve se atentar muito em comer somente alimentos frescos e muito bem cozidos. Em Cuzco evite o frango e o peixe, pois estes alimentos são trazidos de longe e as pessoas daqui nunca acham que é muito importante o uso de geladeiras e freezers.

Pelas ruas você encontra coisas interessantes e diferentes como mulheres vendendo sucos em baldes enormes, sem as mais básicas condições de higiene, e grãos de milhos gigantes tostados (maiz). As agências de turismo e casas de artesanato também estão em toda parte para assegurar que na sua visita você vai poder conhecer tudo e levar muitas lembranças... (Fabiano Coura)

05/02/00 Sábado - Arequipa (176Km)

Depois da nossa chegada em Arequipa e, agora já mais tranquilos, saímos para conhecer um pouco da cidade antes de seguirmos para Chivay.

Arequipa fundada em 1540 é a segunda cidade mais importante do Perú, sendo o principal centro têxtil de fibra de alpaca do mundo, conta com uma população de 620.000 habitantes.

A cidade preserva até hoje os monumentos erguidos logo após a chegada dos espanhóis na América e conta com uma das mais belas "plazas de armas" de todo o Perú. Esta florida praça esta cercada por edifícios da era colonial, entre eles a majestosa Catedral de Arequipa que começou a ser construída em 1544.

Arequipa é sem dúvida uma cidade para se percorrer em pelo menos quatro dias. Para quem aprecia cultura colonial e pinturas humanistas vale realmente a pena. Infelizmente não tínhamos todo esse tempo e nos detivemos em ir ao Monastério de Santa Catalina, algo totalmente diferente até então em nossa viajem. Este monastério, fundado em 1580, chegou a abrigar de uma só vez mais de 450 freiras. As freiras entravam para o convento com apenas doze anos e ficavam a vida inteira em clausura total, somente rezando. O mais interessante é que a entrada no monastério não se dava por vocação e sim por obrigação pois em uma família espanhola sempre a segunda filha tinha que ir para o convento. Havia três tipos de classes distintas no monastério todos dependendo do valor do dote que a família entregava ao mesmo. Hoje o monastério está em funcionamento abrigando cerca de 45 freiras, as regras já não são tão duras como antigamente e o ingresso ao monastério é feito por vocação e não mais por obrigação. A visitação pode ser feita com o acompanhamento de guias e a entrada custa cerca de US$ 4,00.

Saímos de Arequipa em direção a Chivay, para conhecer o Canyon del Colca. A estrada está em péssimo estado e as constantes chuvas que caíram constantemente a deixaram muito perigosa. Dormimos no Hotel Colca Inn ao preço de US$10,00 por pessoa com direito a café da manhã. (Dado)

06/02/00 Domingo - Canyon del Colca (385Km)

5:30 am, de acordo com as nossas instruções, nossos amigos do Hotel Colca Inn chutaram a porta para nos acordar. Tínhamos que sair bem cedo para Cruz del Condor, a uma hora de Chivay e no meio do Canyon del Colca. Estando neste lugar bem cedo é possível se observar o vôo dos côndores que habitam o vale. Os Côndores são conhecidos como os reis soberanos entre as aves e habitam somente as altas altitudes como as dos andes, por exemplo.

Pelo caminho passamos por aldeias típicas, observando a paisagem típicamente peruana. Serras verdes, alpacas, mulheres campesinas levando ovelhas de um ponto da cidade para outro pelo meio da estrada e terras cultivadas. É fascinante ver a forma de cultivo local. Como as plantações são feitas no meio da ingreme montanha... é necessário construir pequenos muros de pedra para nivelar o terreno e evitar a erosão da terra. É possível observar os pequenos muros bem no alto das montanhas, um trabalho muito difícil que é realizado pelos campesinos locais.

Nossos primeiros quilômetros pelas cidades pequenas do interior do país nos deram a impressão de que entramos em outro continente. Tudo tão diferente, muito típico e rústico.

Rodamos uma hora desde Chivay e chegamos ao mirante do condor, melhor lugar para apreciar a profundidade do Valle del Colca (2800mts.). Chegamos ao mirante que estava cheio de turistas de todas as nacionalidades... chilenos, argentinos e europeus de toda parte, olhamos para o céu... nenhum condor.

Depois de alguns minutos de conversa com o guarda do parque obtivemos uma informação importante... "quando os argentinos ou chilenos estão aqui os côndores nunca aparecem pois eles fazem muito barulho", palavras exatas do experiente guarda do parque. Esperamos um tempo até que todos os outros turistas tinham ido embora do local e em poucos minutos apreciamos o vôo de alguns cóndores do vale. É verdade, eles estavam longe, mas com binóculos conseguimos apreciar o vôo dessa majestuosa ave.

Partimos do Valle del Colca rumo a Cuzco e, em pouco tempo, percebemos que sería impossível chegar até lá devido a lentidão com a qual avançávamos pelas péssimas estradas da região. Os últimos 95Km antes de chegar ao asfalto (em Sicuani) são de matar!!! Não dá pra passar dos 30Km/h neste trecho que é cheio de buracos e com muito lama nesta época de chuva. Fizemos o trecho em 4 horas!!! Quase mortos e com dores nas costas chegamos a Sicuani, já muito tarde.

Ficamos no melhor hotel da cidade, o Royal Inti, único com garagem, pelo preço de US$ 6 por pessoa. (Gimenez)

 

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