Etapa
15 - PUNO / LAGO TITICACA
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Países: PERÚ |
Datas:
13/02/00 a 15/02/00
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13/02/00 Domingo - Vamos para o Lago Titicaca (416Km)
Despedir da cidade de Cuzco não é fácil. Esta cidade cativa as pessoas, seus lugares, sua gente, suas peculiaridades, sua vida... tudo leva ao relaxamento e a harmonia. Enfim, temos que continuar nossa viagem! Saímos de Cuzco por volta do meio dia com direção a Puno, distante 416 Km da antiga capital Inca. A estrada é pavimentada mas peca pela falta de sinalização, o que nos obrigou a ficar atentos para não errarmos o percurso.
Muitas das coisas que aconteceram em nossa viagem são inexplicáveis. Pessoas que apareceram do nada para nos ajudar, lugares maravilhosos que conhecemos sem ter a idéia que existiam, ocasiões diversas que presenciamos em cima da hora. Elas deixam nossa viagem mais especial e inesquecível. Hoje se passou uma dessas aparições inexplicáveis... Estávamos no caminho para Puno e resolvemos parar em um povoado muito pequeno para comprar algo para comer. Em 5 minutos despencou uma forte chuva de gelo que nos obrigou a ficar na cidade. Depois da chuva, quando tentamos sair do povoado, o pneu traseiro da Rainha estourou de forma muito estranha. Por fim, quando estávamos prestes a ir embora, apareceu um caminhão repleto de pessoas que vieram imediatamente em nossa direção fazendo perguntas e gesticulando muito. Eu que estava do lado de fora do carro fiquei sem entender o que acontecia. Depois de alguns minutos fui compreender que essas pessoas estavam vindo de um funeral e tinham ficado muito alegres quando viram pessoas de tão longe em sua cidade. Foi uma festa!!! Todo o povoado de Puevo Libre nos saldou com urras, nos abraçaram, teve até um senhor muito caquético que se dizia fundador do povoado que fez questão de escrever uma mensagem em um pedaço de papel e nos entregar... pena que não conseguimos encontrar uma única letra nos rabiscos do velho... Acho que hoje fomos nós que retribuímos tanta ajuda que tivemos.
Depois desse memorável acontecimento chegamos a cidade de Puno, as margens do tão esperado lago Titicaca. Após uma hora e meia de procura nos estabelecemos no Hotel Wiracocha, na Avenida das Torres,364. (Dado)
14/02/00 Segunda-feira - Ilhas flutuantes de Uros e Taquile
Contratamos um tour local que nos levaria para conhecer as ilhas flutuantes de Uros e Taquile. Saímos cedo e as 7:45h estávamos no porto de Puno nas margens do Lago Titicaca. Em nosso barco haviam pessoas de todas as partes do mundo: japoneses, belgas, israelitas e alemães.
O Titicaca é o lago navegável mais alto do mundo com uma superfície de 8.300Km quadrados. É alimentado por diversos rios que originam o rio Desaguadero. Este imenso lago é refúgio para numerosas espécies de aves e várias outras espécies nativas de peixes, como carachi e sucre.
Após 30 minutos navegando, chegamos na região das ilhas flutuantes de Uros. Estas ilhas são habitadas por Aimaras que herdaram todos os costumes da antiga população de Uros. São fabricadas pela sobreposição de uma espécie de mato muito singular chamado Totora (Scrypus Totora). Com esta mesma planta constroem suas casas e seus barcos. Fizemos uma rápida parada em uma dessas ilhas para apreciar o artesanato local e caminhar sobre as famosas totoras.
Seguimos em frente para a Ilha de Taquile, localizada a 3h de Uros. Esta ilha é muito especial. Está habitada por povos que falam Quechua mas mantem as tradições dos Aimaras, povo original da região. Todos são artesãos por excelência, sendo o artesanato a principal atividade econômica da ilha seguida pela agricultura.
Chegando em Taquile, subimos 550 degraus de piedra para chegar ao pequeno povoado. Outra particularidade desta ilha é que os habitantes praticam o Sirvinacuy, uma espécie de teste de matrimônio onde o casal vive junto em um período de até 2 anos para decidir se vão mesmo firmar um compromisso. Uma vez casados o divórcio esta praticamente decartado. Nesta ilha saboreamos um delicioso Peixe Rei preparado por nativos e caminhamos um pouco pelo povoado, sempre observando os moradores tecendo e elaborando sua lã.
As ilhas do lago são muito místicas e guardam muita história. Segundo lendas antigas, das escuras águas do Lago Titicaca sairam Manco Capac e Mama Ocllo para fundar o império Incaico.
Recomendamos as pessoas que vierem para cá a realizarem um tour de pelo menos 2 dias pelas ilhas de maneira que tenham mais tempo para curtir todas as atrações e possam passar a noite em uma das ilhas flutuantes.
Chegamos em Puno as 18:45h e saímos para comer algo e conhecer um pouco da cidade. Praticamente em todas as partes se encontra artesanatos e roupas típicas, a maioria feitas de lã de alpaca. Um verdadeiro mercado informal gigantesco, já que as ruas servem como supermercado, farmácia, mecânica, bicicletaria, chaveiro, etc... (Gimenez)
15/02/00 Terça-feira - Contornando o Lago Titicaca (265Km)
Aproveitamos a parte da manhã para trabalharmos alguns textos e fazermos alguns ajustes no carro. Necessitávamos arquear as molas traseiras da Rainha e trocar algumas buchas.
Hoje é o dia em que nos despedimos do Peru e entramos na Bolívia, nosso último país a ser visitado antes de retornarmos ao Brasil. Antes de sairmos do hotel onde estávamos duas pessoas muito distintas vieram conversar comigo. A primeira delas era um jornalista de uma rádio local que era contra o governo de Fujimori e me narrou algumas histórias do Sendero Luminoso que se passaram no Peru e não eram noticiadas no exterior. O outro era um senhor que estava a frente de um grande projeto que ligaria um porto da Bolívia até o porto de Santos através de ferrovias. Duas histórias muito diferentes e ambas muito interessantes.
Despedimos do pessoal do Hotel Wiracocha e seguimos contornando o Lago Titicaca rumo a Desaguadero. No caminho tivemos belíssimas vistas do lago e tiramos muitas fotos. A estrada passa por típicas fazendas de agricultores e criadores de ovelhas e alpacas e cruza vilarejos de gente muito humilde e feliz. Paramos em alguns desses vilarejos no caminho para comprar alguns comes e bebes.
Desaguadero é a cidade fronteira com a Bolívia e está distante 156 Km de Puno. É um povoado muito pobre e a bagunça da rua até chegou a nos assustar. Nossa saída do Peru foi tranqüila mas estávamos preocupados mesmo era com a aduana boliviana, pois tínhamos informações que os policias poderiam nos causar problemas devido aos equipamentos que estamos carregando. Depois de alguma conversa e uma "colaboração financeira" passamos e conseguimos acertar a documentação de importação temporária do veículo.
Até La paz foram mais 100Km dos quais, 30km iniciais bastante ruins. Chegamos justamente na hora do "hush" e sentimos o drama do trânsito da capital boliviana. Perdemos algum tempo procurando um hotel e um estacionamento descente e acabamos ficando em um três estrelas muito bom chamado Estrella Andina, na rua Illampo. (Dado)
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